TRIBUTO A UM CÃO

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Quando eu o vi pela primeira vez, foi amor a primeira vista daqueles que a gente sente uma vez na vida e o qual se vive apenas uma vez.Lembro-me que ao vê-lo deitado e dormindo, parecia um brinquedo de pelúcia com aqueles pelos alvos e lisos…..

Ao abrir os olhos, me olhou não me reconheceu e voltou a dormir, mas havia uma certeza: ele havia ganhado meu coração….

A primeira conversa que tivemos, foi num canto lá no escritório da minha edícula. Dizia eu, não ser o melhor pai, amigo, esposo que os seres viventes lá de casa desejariam ter, quanto mais ser o melhor dono de um cão. Sujeito de temperamento difícil, impus a ele que ele deveria dormir numa casa que acabara de comprar, algo que ele nunca fez, e que deveria respeitar o espaço destinado apenas ao cão, nada mais que isso e que para se dar bem comigo deveria saber que “eu” era seu dono. Mal sabia “eu” que esse tipo de relação não se constitui baseada apenas nas minhas vontades e caprichos e, que se existisse um dono, esse dono era o Max….

Maximus entrou na minha vida porque simplesmente deixei de acreditar na bondade humana e porquê lá no fundo, ele me mostraria fazer por duras penas acreditar de verdade que o cão realmente é o melhor amigo do homem….

No começo foi difícil chegar em casa cansado da escola, dos alunos, das pessoas, enfim de todos e, ainda ter que passar madrugadas inteiras acordado brincando com ele e, ao menor sinal de sono do mesmo, eu levantava pé anti pé e ia devagarzinho para dentro de casa e, quando fazia menção de fechar os olhos, lá estava ele debaixo da minha janela chorando e pedindo atenção. Quantos dias acordamos juntos com o sol na nossa cabeça e quantas noites contemplamos juntos as estrelas do firmamento. E posso jurar a vocês, ele me entendia em tudo…

Acho que nem o mais altruísta dos amigos que o homem pode ter neste mundo egoísta, poderia entender o que é a lealdade  de um cão. Algo que o Senador Republicano Americano George Vest escreveu quando precisou defender um fazendeiro que teve seu pobre cão assassinado por um vizinho. Dizia ele, “Senhores   jurados,   o cão permanece com seu dono na prosperidade e na pobreza, na saúde e na doença. Ele dormirá no chão frio, onde os ventos invernais sopram e a neve se lança impetuosamente se lá seu dono estiver. Quando somente ele estiver ao lado de seu dono, ele beijará a mão que não tem alimento a oferecer,  ele lamberá as feridas e as dores  que  resultam  dos  encontros  com   a   violência do mundo.  Ele  guarda o sono de seu pobre dono como  se fosse um príncipe.  Quando  todos  os amigos o abandonarem, o cão permanecerá.

Quando a  riqueza desaparece e  a reputação  se  despedaça,  ele é constante em seu amor como constante é o sol em sua viagem através do tempo. Se a fortuna arrasta o dono para o exílio, o desamparo e o desabrigo, o cão fiel perde o privilégio maior de acompanhá-lo, para protegê-lo contra o perigo e para lutar contra  seus  inimigos.  E  quando   a última cena se apresenta, a morte o leva em seus braços e seu corpo é deixado na lage fria, não importa que todos os amigos sigam o seu caminho: Lá, ao lado de sua sepultura,

se  encontrará  seu  nobre  cão, a cabeça entre  as  patas, os olhos  tristes mas em atenta observação, fé e confiança, mesmo à morte”.

Posso garantir a todos que, esses quatro meses, foram os mais felizes da minha vida, da minha mulher e filhas, pois ele teve a capacidade de unir a essa família em torno de algo que não se vê mais entre as pessoas: preocupar-se uns com os outros e estar próximo a quem se ama.

Sobre a bondade das pessoas, até nisso esse cãozinho me fez rever esse conceito ao ser assistido pelas mulheres que cuidaram dele durante todo esse tempo, pessoas as quais seremos eternamente agradecidos….

 

São Carlos 26/05/2011